quarta-feira, 28 de março de 2012

Entrevista concedida no dia 27/03/2012 via internet aos alunos do Colégio Del Rey de Passos-MG, ao qual participam de um projeto escolar.

Por Luiz Henrique Goulart

1 - Como você enxerga a necessidade da participação do jovem na esfera pública?



Resposta (Rafael Freire): O jovem detém algo muito interessante e que de certa maneira, é muito útil para a sociedade: Ele possui um espírito inovador e revolucionário. Isso é fundamental dentro de uma organização pública. No momento estamos carentes de jovens com participação ativa, principalmente dentro da política, o que é lamentável, pois sem dúvidas poderiam contribuir para a mudança. Afinal, o político correto que procuramos, pode estar dentro de cada um de vocês.



2 - Em sua opinião, a descrença e a inércia dos jovens provém de que?



Resposta (Rafael Freire): O principal fator está no próprio homem. Dizem que é a política quem corrompe o homem, mas eu, particularmente penso diferente. Para mim, o homem corrompeu a política. Hoje presenciamos vários escândalos políticos, envolvendo diversos partidos no Brasil. Isso faz com que a população perca o seu apreço pela política, o que é péssimo para todos. Os jovens, assim como muitos, se acomodaram, não reivindicam mais. Não temos os mesmos jovens da década de 90, “Os Caras Pintadas.” E então eu me pergunto: Com que propriedade podemos cobrar uma política mais limpa, de mudanças, se a pureza e a mudança não começa por mim? Mas acredito que estamos em um momento de politização juvenil, ao qual nossos jovens estão se redemocratizando, e aposto convicto no resgate de mentes revolucionárias como as do passado.



3 - De onde surgiu esse seu interesse pela política? Influência de família?



Resposta (Rafael Freire): Sempre gostei de debater e ouvir assuntos relacionados à política. Quando me refiro à política, não faço alusão a essa massa politiqueira existente em nosso país, mas sim, de sua origem, advinda da “Pólis” grega, que quer dizer cidades. Não tem como não gostar de política. O ser humano é um animal político por essência. Me lembro quando era criança, tinha lá os meus sete a oito anos, quando meu avô foi candidato a vereador em minha cidade. Essa história me fascinava, pois vendo meu avô um homem justo e honesto, imaginava e dizia para mim mesmo: “Um dia chegarei lá.” No entanto, meu avô não foi eleito, mas nem por isso deixou cair o seu senso de justiça. Eu não diria que isso seja uma influência, mas foi o meu avô quem me despertou essa paixão pela política, e que hoje procuro fazer tudo aquilo que um dia ele pensou em fazer, mas que por forças do destino, não pode concluir.





4 - Como tem sido sua participação política como jovem?


Resposta (Rafael Freire): A princípio muitos olhavam para mim com olhares de receio, daqueles que você mesmo é capaz de decifrar: “Nossa, mas como um moleque pode contribuir para a política?” Depois de completar meus dezesseis anos, a pergunta mudou, e passaram a afirmar, mas os olhares eram os mesmos: “Coitado, mais um jovem sonhador, que pensa que pode mudar o mundo!” Então vos digo: “Eu não posso mudar o mundo, mas posso colaborar com a mudança.” Para mim tem sido muito prazeroso abraçar essa causa e mostrar para muitos que ainda existem jovens que se interessam pela política. Minha cidade é pequena, apenas dezoito mil habitantes, mas é lá que tudo começou, e é lá o foco de minha luta. Hoje luto com muita garra, para extinguir de vez, a velha e assombrosa política coronelista que paira sobre Alpinópolis.



5 - Que medidas você acha que deveriam ser tomadas para incentivar os jovens a se interessarem e participarem da política?


Resposta (Rafael Freire): Não existe uma fórmula secreta. Não existe uma receita mágica. A resposta está na própria pergunta: O interesse. Esse interesse que me refiro, é aquele ao qual cada jovem, faça valer o seu papel de cidadão, e que cada cidadão exerça de maneira consciente o real papel de cidadania. Não é necessário medidas, quando todos possuem consciência do que realmente é ser cidadão. O direito de votar foi banalizado assim como a política. Muitos votam por votar, sem procurar saber e entender em quem estão votando. A primeira medida se é que se pode apontar uma, é a consciência do que é ser cidadão e do voto.



6 - Como você avalia o cenário político-nacional, estadual e municipal, e de que maneira os jovens poderiam atuar para transformá-lo?


Resposta (Rafael Freire): Existem grandes diferenças ideológicas, principalmente ideologias partidárias. Vivemos em um Estado governado pela “direita” e em um país governado pela “esquerda”. Se analisarmos o cenário nacional, podemos apontar grandes pontos positivos, assim como grandes feitos pela sigla em questão nos últimos anos. No entanto, há também o seus pontos fracos e que também devem ser analisados e debatidos. Há oito anos atrás, dava-se inicio a uma gestão de mudança. Um fato histórico: um representante do povo que saiu do próprio povo. Em pratos rasos como muitos dizem, um operário foi eleito e concedido a ele o poder de governar o país. Muito foi feito nesses anos, assim como muitos escândalos também. Hoje, mais um fato histórico conseguido pela mesma sigla partidária: Pela primeira vez, elegemos uma mulher ao cargo máximo do país. Se for para fazer uma breve análise sobre os dois modelos políticos de gestão, eu diria que o primeiro se aproxima muito de uma política populista e assistencialista, enquanto o segundo, possui uma visão mais rústica e técnica, ao qual me identifico mais. Já no cenário estadual, temos uma política estagnada, ou seja, parada no tempo, que muito pouco fez. Não que seja a pior, só está longe de ser a melhor. Minas Gerais tem condições de oferecer um modelo político mais apropriado e condizente com o presente. Já em termos municipais, a situação é caótica, principalmente nas pequenas cidades como citei à cima em uma das perguntas. Pois nos deparamos com dois agravantes: De um lado políticos que eu classificaria como politiqueiros, pois não fazem jus à expressão original, que de nada entendem sobre administração pública. E de outro, eleitores desacreditados, que não apostam na mudança. Aí que entraria a participação jovem: As novas mentes pensantes da sociedade, capaz de transformar a realidade, com ideais lógicas e não partidárias, visando sempre o bem comum, calcados na humildade e baseados na ordem e progresso.



7- Você defende algum partido político ou é somente um crítico político?


Respostas (Rafael Freire): Eu sou um militante político. Tem um segmento político que me identifico mais, porém creio ser desnecessário essa ideia de levantar a defesa do partido. O partidarismo gera o fanatismo que consequentemente gera a corrupção. Acredito que devemos mudar esse conceito, e passar a ter a ideia de que o ideal do homem deva estar acima do ideal partidário, embora seja necessário uma conexão entre ambos, mas muito poderia ser feito caso isso realmente acontecesse.


8- Um jogo rápido para finalizarmos a entrevista. Defina com apenas uma palavra às demais citadas:


A) Política: Fundamental.

B) Homem: Inteligência.

C) Cidadania: Dever.

D) Educação: Direito.

E) Estado: Organização.

F) Família: Base.

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