quarta-feira, 11 de abril de 2012

A única verdade é a realidade




   No Brasil, o número de crianças, jovens e idosos que vivem em uma situação “marginalizada” é algo que requer maior atenção. Eles não participam, e consequentemente, não estão inseridos em benefícios econômicos, políticos, e culturais do país. Sofrem as dificuldades agudas da miséria social, que se reflete na desnutrição generalizada, nos salários aviltantes, nos obstáculos à educação democrática, na falta de moradia, na ausência de mínimas condições de amparo à saúde pública.

   A concentração de riqueza no país é algo alarmante e que aponta para a elevada desigualdade social. Cerca de 60% da população economicamente ativa ganha, no máximo, até 2 salários mínimos. Somente 4,5% ganha acima de 10 salários. Apesar de ser a sexta maior economia mundial, o Brasil paga um salário mínimo que está abaixo de muitas nações pobres do Terceiro Mundo. Em relação aos proprietários rurais, algo em torno de 1% detêm metade de todas as terras agrícolas disponíveis, e 5% de ricos controlam 38% da renda pessoal no Brasil.

   Outro fator que deve ser analisado com cautela é a saúde pública. Morrem no Brasil, a cada dia, cerca de 1000 crianças com menos de 1 ano de idade em função de doenças que atingem o aparelho respiratório e digestivo, geradas principalmente por falta de alimentação adequada, condições de higiene e assistência médica mínima. Aproximadamente 80% das crianças brasileiras sofrem problemas de desnutrição. Números relativamente altos e que apontam para uma enorme falha do sistema.

   Em se tratando da educação, o número de analfabetos corresponde a mais de 25% da população brasileira. Aproximadamente 1/3 das crianças em idade escolar estão fora da escola. Do total de crianças que ingressam no primeiro ano da escola primária, praticamente a metade não consegue passar para o segundo ano, e em cada 1000 crianças que entram na escola primária, menos de 5% ingressam na universidade.

   Essa realidade que dilacera a vida de milhões de brasileiros é amplamente ofuscada por um trabalho de marketing, ao qual procuram maquiar a real identidade do país. Institucionalizada por sistemas políticos injustos, a opressão é facilmente reconhecida no amplo quadro de miséria que aflige a maior parte das criaturas humanas.

   No entanto, chegamos a uma conclusão de que a lógica “natural” daqueles que têm é ter sempre mais, um conceito que foi erroneamente banalizado ao longo dos tempos e que não significa sinal de prosperidade, mas de ganância humana. Parece que todos os dominadores seguem o conselho que Álvaro Paes deu ao Mestre de Avis, no século XIV: “Dai aquilo que vosso não é, e prometei o que não entendes, e perdoai a quem não vos errou”. Com isso vemos que o poder é a única sede insaciável, e aumenta, terrivelmente, com o exercício do próprio poder em função da sua imposição social.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Nosso futuro prefeito! Contamos com você. Beijos.

    Vera Lúcia

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