sexta-feira, 30 de março de 2012

Câmara dos Deputados instala CPI do Trabalho Escravo

    A exploração dos trabalhadores submetidos a situações análogas à escravidão, em áreas rurais e urbanas, será investigada durante os próximos 120 dias pela CPI do Trabalho Escravo, instalada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (28).

    Com presidência do deputado Cláudio Puty (PT-RJ) – que propôs a instalação -, e relatoria do deputado Walter Feldman (PSDB-SP), a CPI pretende analisar a situação dos trabalhadores, rever a legislação vigente, e propor ações com o objetivo de erradicar o trabalho escravo no país.
“Não podemos admitir que trabalhadores continuem a ser privados de sua liberdade, e submetidos a situações humilhantes e degradantes em seus ambientes de trabalho. Essa chaga, que tem o nome de trabalho escravo contemporâneo, precisa ser banida de nosso país”, destaca o procurador do Trabalho Jonas Moreno, coordenador nacional de erradicação do trabalho escravo.
Ele ressalta que o Ministério Público do Trabalho irá fornecer todos os dados necessários para auxiliar as investigações da CPI. “Precisamos da ajuda de todo o poder público e da sociedade civil para acabar com a exploração dos trabalhadores”, ressaltou.

    O trabalho escravo contemporâneo foi reconhecido pelo estado brasileiro em 1995, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Inicialmente, a área rural representava o principal foco a ser combatido. Mas há cerca de dez anos o número de trabalhadores encontrados em áreas urbanas vem crescendo. Em 2011, centenas de estrangeiros foram resgatados em operações do Grupo Móvel (composto por representantes do MTE, MPT e Polícia Federal), principalmente em pequenas oficinas têxteis.
Atualmente 294 empregadores, entre pessoas físicas e jurídicas, compõem a Lista Suja do Trabalho Escravo, criada pela portaria 540/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego. Todos foram autuados por submeterem trabalhadores a situações análogas à de escravo. Mas a constitucionalidade da lista está sendo questionada em ADI no Supremo Tribunal Federal – de relatoria do presidente eleito, ministro Carlos Ayres Brito.

    No Senado, o PLS 25/05 do senador Pedro Simon (PMDB-RS) pretendia transformar em lei a lista suja, mas foi arquivado em janeiro de 2011. A proposta tem regras parecidas com as da portaria do MTE, e estabelece que a inclusão do nome do infrator deva ocorrer somente após o trânsito em julgado do processo administrativo decorrente do auto de infração.
Já na Câmara dos Deputados, a PEC 438/01 – que prevê a expropriação de propriedades rurais ou urbanas onde foi encontrado trabalho análogo ao de escravo – deve ser votada no próximo mês, conforme anunciado pelo presidente da Casa, deputado Marco Maia.

O trabalho escravo no Brasil.

    Um estudo realizado, em 2011, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou que a escravidão contemporânea no Brasil é precedida pelo trabalho infantil: 92,6% dos trabalhadores resgatados iniciaram a vida profissional antes dos 16 anos, sendo que 40% começaram a trabalhar aos 11 anos.

    Outro problema apontado é a baixa escolaridade dos trabalhadores: 18,3% dos entrevistados eram analfabetos, e 45% analfabetos funcionais, com tempo médio de estudo de 3,8 anos. Consequentemente, a maioria (85%) não possuía qualquer qualificação profissional.
Sem qualificação, o trabalhador se torna suscetível a novo aliciamento: 59,7% já haviam passado por situação semelhante; e 12, 6% já tinham sido resgatados pelo Grupo Móvel.

    Ainda segundo a pesquisa, o sentimento de inferioridade, discriminação e desvalorização social são predominantes entre os trabalhadores, como registra depoimento de um dos entrevistados: “Até o olhar das pessoas é diferente para a gente. Tratam como se fosse uma coisa qualquer, como um objeto de precisão. Precisa dele, põe pra cá. Não precisa, vai pra lá.”

    Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que, nos últimos 15 anos, 39.169 trabalhadores foram resgatados em 2.840 estabelecimentos. Os empregadores tiveram de pagar R$62milhões em verbas salariais individuais. Em 2010 foram resgatadas 2.628 pessoas, um crescimento de 400% em relação a 2000 (516 resgatados). Também aumentou o número de estabelecimentos inspecionados – na grande maioria propriedades rurais – 88 em 2000 e 309 em 2010. O maior número de trabalhadores resgatados ocorreu em 2003 (6.137 pessoas).

Fonte: Procuradoria-Geral do Trabalho

EcoDebate, 30/03/2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

Eu vou para um "mosteiro"... Se preciso for!

Por Rafael Freire

    Em seu livro “O monge e o executivo”, o autor James C. Hunter faz uma abordagem sobre a essência da liderança. O livro conquistou muitos leitores no Brasil e no mundo. O autor utilizou-se de uma ficção que, além de muito fascinante e envolvente, possibilita aos ledores a terem uma visão humanista de como verdadeiramente deve ser o relacionamento pessoal e grupal nas   organizações, sejam  elas familiares,   empresariais,   governamentais,  etc.

   O livro se inicia relatando a história de John Daily. Casado, pai de um casal de filhos, executivo de uma empresa renomada, John passa por enormes dificuldades, tanto em sua vida familiar como em suas atividades profissionais. Com indicação de sua esposa, acaba indo passar alguns dias em um mosteiro cristão para tentar refletir e colocar ordem nas coisas.

   Separei dez fragmentos (pequenos trechos do livro) para que possamos fazer uma reflexão mais aprofundada sobre o tema abordado:


 1-      “Juntos somos muito mais sábios que cada um sozinho”.

   2-   “Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver”.

   3-   “Autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem o que você quer, com boa vontade, por causa de sua influência pessoal”.

   4-   “Se tens vontade de falar, que fale. Não se limite ao silêncio”.

    5-   “Um chefe diz vá. Um líder diz vamos".

    6-   “O poder é definido como uma faculdade,e autoridade é definida como uma habilidade”.

    7-   “Nenhum trabalho se sustenta se a tarefa não for executada”.

     8-   “A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos”.

      9-  “Quem quiser ser líder,deve primeiro ser servidor”.

      10-  “Se você não mudar a direção,terminará exatamente onde começou”.


   Depois de uma breve reflexão sobre os fragmentos, entende-se que liderança não pode ser confundida com poder; ao passo que poder “é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer”, e liderança, em palavras simples, “é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter”.


  John para refletir sobre sua vida, a qual eu particularmente considero a empresa mais ampla, difícil e complexa de ser administrada, foi preciso isolar-se em um mosteiro, onde todos os frades possuíam o mesmo status de que ninguém é melhor ou pior que ninguém, ao qual cumprir a ordem era mais que um dever, era obrigação.  E se para refletir sobre a sociedade, em especial sobre política, seja preciso ir para um “mosteiro”, para um “mosteiro” eu vou.

Poema x Poesia: A diferença

    É bom ressaltar a diferença entre poema e poesia. Apesar de serem tratadas por muitos como sinônimos, o uso dos dois termos entre os estudiosos apresenta diferenças:

 
    Poesia: Caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem.1

 
     Poema: obra em verso em que há poesia

   "Se o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância imaterial, é que o primeiro tem uma existência concreta e a segunda não. Ou seja: o poema, depois de criado, existe per si, em si mesmo, ao alcance de qualquer leitor, mas a poesia só existe em outro ser: primariamente, naqueles onde ela se encrava e se manifesta de modo originário, oferecendo-se à percepção objetiva de qualquer indivíduo; secundariamente, no espírito do indivíduo que a capta desses seres e tenta (ou não) objetivá-la num poema; terciariamente, no próprio poema resultante desse trabalho objetivador do indivíduo-poeta." 2

    O poema destaca-se imediatamente pelo modo como se dispõe na página. Cada verso tem um ritmo específico e ocupa uma linha. O conjunto de versos forma uma estrofe e a rima pode surgir no interior dessa estrofe. A organização do poema em versos pode ser considerada o traço distintivo mais claro entre o poema e a prosa (que é escrita em linhas contínuas, ininterruptas).

Pasárgada, não. Vou-me embora para Nárnia!

Por Tarcísio Henrique Santana Lima Queiroz Oliveira

   “Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que quero, na cama que escolherei”. Certamente, Manuel Bandeira, nesses salutares versos, deixa evidente a vontade de fuga para um país imaginário, em busca do ideal, fugindo do cenário brasileiro da década de 30/40 que acabara de despertar para um tardio processo de industrialização.

   Industrialização essa que, indiscutivelmente, gera o individualismo. Adam Smith, colocando em foco a industrialização que então ocorria no continente europeu no século XVIII, afirmou ser o individualismo benéfico para a sociedade. Entretanto, Adam Smith não contava que o Mercantilismo, defendido por ele, se expandiria e se tornaria uma patologia social: o atual capitalismo narcisista. Olha-se apenas para o próprio umbigo – ou, nesse caso, para o próprio bolso -, busca-se uma ascensão econômica sem se preocupar com o próximo, exemplo típico da falta de altruísmo do século XXI. Assim, é o individualismo que, passada a gestação da fecundação no óvulo da sociedade, ’dá a luz’ a patologias sociais e psicológicas, tais como a solidão, em um globo de 7 bilhões de pessoas.

   “Em Pasárgada tem tudo(...) Tem telefone automático(...),Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar”. Infelizmente, Manuel Bandeira não presenciou a explosão tecnológica do século XXI. Se a presenciasse, certamente escolheria outro lugar para fugir que não Pasárgada. Telefones celulares, internet, redes sociais, atrelados às “prostitutas bonitas para namorar” não preenchem o vazio que a solidão nos impõe. Tecnologias que facilitam a comunicação preenchem a solidão social, enquanto a solidão emocional é intensificada. A competição para ver quem possui mais seguidores em seu twitter, a sensação de ter vários amigos virtuais, e de ter a “prostituta que quiser”, fornece uma sensação de que estamos rodeados de pessoas, mas não podemos tocá-los sentimentalmente.

    Portanto, é de se estranhar que Manuel Bandeira, querendo fugir do monótono, da solidão e da infelicidade, baseou-se apenas na satisfação de seus prazeres carnais. Ora, a solidão é uma lacuna que é preenchida apenas com satisfação sentimental. Assim, se foi em Pasárgada que o eu-lírico de Manuel Bandeira idealizou a sua fuga da solidão, a fuga para os “eu-líricos” do século XXI dar-se-ão para um outro local, uma sociedade primitiva, sem tecnologias de pontas e sem busca exclusiva dos prazeres carnais. Não que a tecnologia é um retrocesso, mas indubitavelmente é a pivô para diversos casos atuais de depressões relacionadas à solidão. Com isso, não me vou embora para Pasárgada; Vou-me para Nárnia!

"Isso tudo acontecendo e nós aqui na praça, dando milhos aos pombos"

   Já dizia o grande nome da música popular brasileira Zé Geraldo, “enquanto esses comandantes loucos, ficam por aí queimando pestanas e organizando suas batalhas, os guerrilheiros nas alcovas, preparando suas surdinas nas mortalhas. E a cada conflito mais escombros.”

    Sim, isso tudo aconteceu, acontece e pode acontecer, se ficarmos aqui, dando milhos aos pombos. Somos filhos de um sistema político, que já nos deixara órfão, antes mesmo de ter nascido. Não que a democracia seja algo desnecessário, no entanto ela só não acontece na prática.

    Só não sei o que mata mais: se é o trânsito, a guerra, a fome, ou a pobreza de espírito. Temos como conceito de existência o comodismo. Já reivindicamos e fomos à luta, porém esquecemos de fundamentar nossas idéias, para assim concretizá-las. Algumas de cunho pessoal, outras sociais. Os coronéis já sentiram a força que emana do povo, mas é preciso mais, muito mais.

    Enquanto na África a fome faz vítimas, no Brasil ela vira marketing político. Etiópia, Eritréia, Somália, Sudão, Quênia, Uganda e Djibuti são os países que mais sofrem com a fome, seca e condições financeiras. Enquanto na África o dinheiro é escasso, no restante do mundo ele é “prato cheio” para corrupção.

    Mas o povo africano, mesmo com tantas dificuldades, se faz forte, se tornam fortes, e mostram que realmente são heróis. Heróis porque enfrentam a fome, a seca, as guerras. Heróis porque resistem a tanta miséria, mesmo que esta muitas vezes, tem como o preço, vidas.

    No entanto, essa situação não foge muito de nossa realidade. Segundo dados estatísticos, 54 milhões de pessoas passam fome na América Latina e 33 milhões na América do Sul. Números que chegam a ser alarmantes e devastadores.

    Certamente, se nosso sistema político fosse algo com mais embasamentos, se nossas leis não tivessem tantas brechas, e se nós cidadãos exercesse o real papel de cidadania, os problemas enfrentados não se extinguiriam por vez, porém seus impactos seriam amenizados, e conseguinte menores.

    As máscaras estão caindo, mas o povo precisa atuar mais. Seja através do voto consciente, de ações sociais, enfim, temos que sair desse comodismo e mostrar para nossos coronéis que a plebe pode até causar tumulto, mas a revolução é o povo.

Educação em análise: Professores das escolas municipais de Alpinópolis terão reajuste salarial


    Será realizado nessa sexta-feira, 30/03/2012, às 17:00 hr na Câmara Municipal de Alpinópolis, uma reunião para a aprovação do piso salarial proposto para os professores das escolas municipais.

    A princípio o projeto foi enviado à Câmara pelo prefeito, ao qual prevê um reajuste de R$906,87 com carga horária de 25 horas semanais, retroagindo a 01/01/2012.Porém é válido ressaltar que a iniciativa está ocorrendo em todo plano nacional, uma vez que por imposição do Governo Federal, as prefeituras estão sendo obrigadas a se adequarem ao que foi proposto.

     Segundo dados colhidos, o piso salarial anterior ao proposto era de R$770,00. Uma quantia muito baixa perto do trabalho oferecido pelos formadores de opiniões do país. Seria cômico se não fosse trágico. Devemos lembrar que a educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.

      No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor, pois segundo eles, sem o professor não existiria o imperador.

      No Brasil, além de não acontecer o mesmo, a questão dos professores é tida como descaso ou como marketing político. Para a população fica uma dica: Cuidado, pois isso não é mérito da atual administração, isso é uma exigência que está sendo imposta em todo país. Então não se deixem levar pela ilusão. Isso ainda é muito pouco perto do que poderia ser feito.

Palestra com o Prof. Dr. Flávio Tartuce

Tema: Questões polêmicas sobre a responsabilidade civil.

Palestrante: Prof. Dr. Flávio Tartuce

Doutor em Direito Civil pela USP. Mestre em Direito Civil pela PUC-SP. Professor exclusivo da Rede LFG. Coordenador e professor da Escola Paulista de Direito (EPD, São Paulo).

"A responsabilidade civil passa por uma fase de intensa renovação. Hoje já se fala em direitos de danos. Não perca a oportunidade de ouvir e debater com o palestrante."

Data: 30/03/2012 (Sexta-feira)

Horário: 19 h 30

Local: Salão Nobre da FDF.

Realização: Faculdade de Direito de Franca e Diretório Acadêmico "28 de março".

Informações: 0800 942 4500 ou no site www.direitofranca.com.br

Diferença lógica entre Religião e Espiritualidade

"Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou
concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar"
(Sir Francis Bacon)


Texto é do Prof. Dr. Guido Nunes Lopes,

Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal
do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física
de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado
em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear
na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA, 2001).

A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e
querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro"..

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com o fazer.
A espiritualidade se ocupa com o Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

"Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual... Somos
seres espirituais passando por uma experiência humana... "

(Pierre Teilhard de Chardin)


A história se faz nos improvisos

   Por Rafael Freire

Não foi simplesmente obra do acaso ou destino, que os portugueses desembarcaram no país em abril de 1500. Tudo é muito relativo quando se trata de improvisos. E relativamente falando, nossa identidade também é improvisada.

    Somos o único país no mundo que possui uma certidão de nascimento, ao qual eu chamaria de ''carta exploratória''. Nos trechos da carta escrita por Pero Vaz de Caminha, que é considerada por muitos a ''certidão brasileira'', é evidente a intenção do autor em mostrar as belezas naturais da terra, porém com um toque tanto quanto ambicioso e exploratório.

    Pero relata a postura indígena na carta, e os apresentam como uma mera mercadoria de troca e de um convencimento fácil. ''Traziam alguns deles arcos e setas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos. Bebiam alguns deles vinho; outros o não podiam beber. Mas parece-me, que se lho avezarem, o beberão de boa vontade.'' No entanto, observamos o que de fato aconteceu: ''Andavam já mais mansos e seguros entre nós, do que nós andávamos entre eles.''

    O primeiro objetivo estava assegurado: conquistar a confiança dos verdadeiros donos daquela terra. Feito isso, os demais propósitos viriam com o tempo. Radicalmente dizendo, se vestiam de uma identidade falsa, passando por homens amigos, dando inicio, mesmo que nas entrelinhas, a conduta política no país. ''Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.''

    E quão arrogante eram os portugueses. Talvez até então desprovidos de um pouco mais de inteligência, ou mesmo, a falta do uso do bom senso. Em uma terra, da imensidão do Brasil, andaram algumas léguas e o batizaram com o primeiro nome, Ilha de Vera Cruz. Como pode uma extensão territorial tão ampla, ser chamada de Ilha? Não é que lhes faltaram conhecimento sobre as dimensões do país, o que lhes faltaram foi prudência para afirmarem algo que até então era desconhecido.

    A face política que hoje mascara o país, teve suas origens ainda no descobrimento, ao qual tudo que se vê, é apenas reflexos de tudo que se foi no passado. Em outrora, a corrupção é uma herança deixada pelos colonizadores. A essência cultural que aqui se faz, não é a mesma necessariamente falando original. Ela sofreu mudanças, como as fortes influências religiosas impostas e que são comprovadas na carta: ''Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. ''

    Definitivamente falando, somos frutos de uma história improvisada, que foi massacrada diante de sua originalidade, deixando de lado a sua história real, a sua legítima identidade. Entre outras, não aconteceu aqui um descobrimento, pois na terra já haviam habitantes. O que se viu, foi nada menos que uma tentativa de povoamento. Não é preciso ser historiador para compreender os fatos, basta ter uma visão crítica e utilizar do bom senso que até então foram deixados de lado.

    Não adianta tentar falar aos surdos, e nem tentar mostrar aos cegos. Os surdos entendem o que está ao seu redor. Os cegos identificam o que está a sua frente. Nossa realidade seria outra, se não fossemos corrompidos por meias verdades. Não somos portugueses, somos brasileiros.

Crise internacional é tema de discurso de Dilma na Índia

Ao receber nesta quarta-feira o titulo de doutora honoris causa, na Universidade de Nova Déli, a presidente Dilma Rousseff falou dos objetivos comuns de Brasil e Índia em combater a miséria e trabalhar pelo desenvolvimento, e da grave crise financeira que "ainda provoca preocupação, pelo impacto que tem sobre as perspectivas de crescimento global".

Dilma lembrou que a crise teve origem no mundo desenvolvido e que ela não será superada por meio de meras medidas de austeridade, consolidação fiscal e desvalorização da força de trabalho, "menos ainda por meio de políticas expansionistas que ensejam uma guerra cambial e introduzem no mundo novas e perversas formas de protecionismo".

No texto previamente elaborado e distribuído pela universidade, em inglês, para os que participavam da cerimônia, a presidente citou "o tsunami monetário" provocado pelas políticas expansionistas. Mas ao discursar, omitiu a expressão.

Dilma voltou a defender "a reforma das instituições de governança global, inclusive o Conselho de Segurança da ONU". Para ela, a necessidade da presença permanente do Brasil e da Índia nos organismos e fóruns que deliberam sobre a paz e a segurança global é hoje um consenso entre aqueles que prezam o multilateralismo.

"É difícil imaginar algum debate internacional, alguma instância de discussão, em que as opiniões de Índia e Brasil não sejam valorizadas e demandadas", disse ela. Na opinião da presidente, a participação ativa dos dois países nos grandes debates internacionais contribui para tornar a governança global mais democrática, legítima e eficaz.

Segundo Dilma, Brasil e Índia serão chamados, cada vez mais, "a desempenhar um papel central no encaminhamento das principais questões da agenda internacional". Para a presidente, "o crescente peso de nossas economias reforça nossa credibilidade e acentua o potencial de nossa cooperação bilateral e inserção internacional".

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/crise-internacional-e-tema-de-discurso-de-dilma-na-india

Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa

    Parcela de leitores passou de 55% para 50% da população entre 2007 e 2011. Até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar, houve redução.

    O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.

    O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.

    O levantamento reforça um traço já conhecido entre os brasileiros: o vínculo entre leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que estudam, o percentual de leitores é três vezes superior ao de não leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não estão na escola, a parcerla de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores: 84% vs. 52%.

    Outro indicador revela a queda do apreço do brasileiro pela leitura como hobby. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada no tempo livre; quatro anos depois, o hábito caiu para sétimo lugar. Antes, 36% declaravam enxergar a leitura como forma de lazer, parcela reduzida a 28%.
À frente dos livros, apareceram na sondagem assistir à TV (85% em 2011 vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51% vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). "No século XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de entretenimentos que podem parecer mais sedutores. Ou despertamos o interesse pela leitura, ou perderemos a batalha", diz Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que há 13 anos promove ações de incentivo a leitura.

    Um levantamento recente do Ecofuturo revelou a influência das bibliotecas sobre os potenciais leitores. De acordo com o levantamento, estudantes de escolas próximas a bibliotecas comunitárias obtêm desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca. Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior, e a taxa de abandono cai até 46%. "Ainda temos uma desafio grande a ser enfrentado, já que grande parte das escolas da rede pública não contam com biblioteca." Uma lei aprovada em 2010 obriga todas as escolas a ter uma biblioteca até 2020. Na época, o movimento independente Todos Pela Educação estimou que, para cumprir com a exigência, o país teria de erguer 24 bibliotecas por dia.

    A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil foi realizada entre 11 de junho e 3 de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos de idade, em 315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/habito-de-leitura-no-brasil-cai-ate-entre-criancas

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ecoa um grito nos alpes : O coronelismo se faz presente!

Por Rafael Freire.

   A prática legítima para a construção de uma sociedade democrática consiste na prioridade de setores educacionais com ênfase na participação da juventude, seja por meio de grêmios estudantis ou projetos sociais. Entretanto, os jovens desacreditados na política local se mostram pouco interessados em interagir com seu meio.

   O que hoje marca o nosso cenário político é a desilusão com o processo chamado democracia, que há tempos lutaram para implantar no país. Atitudes assim abrem caminhos para uma prática de poderio muito utilizada no passado: o coronelismo.

   O coronelismo é usado para definir a complexa estrutura de poder que tem início no plano municipal, exercida com hipertrofia privada (a figura do coronel), e tendo como caracteres secundários o mandonismo, o filhotismo (apadrinhamento), a fraude eleitoral e a desorganização dos serviços públicos.

   Infelizmente essa situação ainda se faz presente em pleno século XXI no nosso meio, onde pessoas além de adotar o método já citado, fazem do partidarismo um governo para poucos, beneficiando a ele e ao seu grupo.

   Alpinópolis, ou como muitos carinhosamente a chamam por Ventania, é a cidade dos alpes, de pessoas hospitaleiras, do quartzito, que possui uma boa localização geográfica com aspectos significantes para que possa dar um passo a mais rumo ao desenvolvimento e consequentemente alcançar o progresso. Porém, nesse contexto faltam duas peças chaves: pessoas que entendam da máquina administrativa pública e eleitores conscientes que saibam escolher seus representantes.

   Se muitos acreditam que o coronelismo não ocorre em nosso município é porque os mesmos possuem uma visão conservadora que se remete somente ao comodismo. Para demais esclarecimentos, talvez possamos fazer outra comparação: a República do “Café com leite”. Nesse período da história brasileira, a Presidência da República era feita através de um revezamento entre São Paulo devido a sua produção de café e seu poder econômico, e Minas Gerais por ser o maior colégio eleitoral e pela produção de leite.

   Em consequência, deparamos com o voto de cabresto. Hoje a realidade é outra, pois “nossos coronéis’’ se escondem atrás de um personagem, porém o que não muda é a originalidade dos fatos – o revezamento da prefeitura de quatro em quatro anos, mudando somente os nomes, mas o grupo é o mesmo.

   Quando falo de política, não me refiro somente no sentido partidário, embora não posso esquecer esse aspecto, mas à política advinda da polis grega, que transpassa o cotidiano, ascende vontades e transgride as fronteiras. Um modelo de administração democrática voltada para a população, resgatando os valores culturais e sociais que hoje são deixados de lado em nosso município. Valores estes que contribuem para a formação de cidadãos de caráter ético, estrutural e político.

   Jovens, o futuro construímos hoje! Não podemos mudar o passado, mas podemos começar agora e fazer um novo final. ”Para a política o homem é um meio, para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política. Não faça do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhe para traz, mas vá em frente, pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te. ”

   Comece a mudança por você! Só assim seremos capazes de mudar o rumo da nossa política local. Faça uma escolha consciente, sem medo de apostar no que é novo, sem medo de optar por mudar. Você jovem na idade ou jovem no espírito, se informe, busque o conhecimento, exija de seus representantes, explore seus direitos e lembrem-se: ”Mais do que máquinas precisamos de humanidade. ”

Devaneios

Esses caprichos imaginários
Que atormentam o meu viver
Esses sonhos involuntários
Que invadem o meu ser.

Esses meros devaneios
De fantasias e ilusões
Penetram no meu peito
Dentre vários corações.

Esses meros devaneios,
Que insistem em existir
Criando um sentimento
Que me faças progredir.

Esses meros devaneios,
Que de tão real que são
Me obrigam nesse momento
A compor esta canção.

Dentre tantos instrumentos
Disponíveis no momento
Preferi não arriscar
E deixar somente palavras ao vento.

O vento passou e levou
E daqui posso escutar
Ecoando em cada canto
Melodias de ninar.

Ouço daqui a última palavra
Que o vento consegue proclamar
Devaneios, tolos devaneios,
Que insistem em atormentar.

Rafael Freire.

Síntese da obra - A República (Platão)

   No século IV a.C., em data imprecisa, surgiu em Atenas a primeira concepção de sociedade perfeita que se conhece. Tratou-se do diálogo A República (Politéia), escrito por Platão, o mais brilhante e conhecido discípulo de Sócrates. As idéias expostas por ele - o sonho de uma vida harmônica, fraterna, que dominasse para sempre o caos da realidade - servirão, ao longo dos tempos, como a matriz inspiradora de todas utopias aparecidas e da maioria dos movimentos de reforma social que desde então a humanidade conheceu.

   Essa é a obra mais importante de Platão. Nela ele expõe suas principais idéias. Ali está descrito o Mito da Caverna, o que é um filósofo e como é uma sociedade justa entre outras idéias.

   Em A República, Platão idealiza uma cidade, na qual dirigentes e guardiães representam a encarnação da pura racionalidade. Neles encontra discípulos dóceis, capazes de compreender todas as renúncias que a razão lhes impõe, mesmo quando duras. O egoísmo está superado e as paixões, controladas. Os interesses pessoais se casam com os da totalidade social, e o príncipe filósofo é a tipificação perfeita do demiurgo terreno. Apesar de tudo isso e desse ideal de Bem comum, Platão parece reconhecer o caráter utópico desse projeto político, no final do livro IX de A República.

   Tendo em vista esse ideal, o trabalho manual continuava não valorizado no âmbito da cidade-estado. A classe dos trabalhadores não era classe cidadã, pois não lhes sobrava tempo para a contemplação teórica da verdade e para a práxis política. Para Platão, o ideal humano se realizava na figura do cidadão filósofo, livre das incumbências da sobrevivência, constituindo um ideal altamente elitista.

   Para além de todas as utopias da sua república ideal, da figura dos reis filósofos, devemos apreciar o ideal ético de Estado e o esforço de Platão para desvendar os vínculos que ligam os destinos das pessoas ao destino da cidade.

   A República começa com um sofista, Trasímaco, declarando que a força é um direito, e que a justiça é o interesse do mais forte. As formas de governo fazem leis visando seus interesses, e determinam assim o que é justo, punindo como injusto aquele que transgredir suas regras. Para responder a pergunta "Como seria uma cidade justa?" , Sócrates começa a dialogar, principalmente com Gláucon e Adimanto. Platão salienta que a justiça é uma relação entre indivíduos, e depende da organização social. Mais tarde fala que justiça é fazer aquilo que nos compete, de acordo com a nossa função. A justiça seria simples se os homens fossem simples. Os homens viveriam produzindo de acordo com as suas necessidades, trabalhando muito e sendo vegetarianos, tudo sem luxo. Para implantar seu sistema de governo, Platão imagina que deve-se começar da estaca zero. O primeiro passo seria tirar os filhos das suas mães. Platão repudiava o modo de vida com a promiscuidade social, ganância, a mente que a riqueza, o luxo e os excessos moldam, típicos dos homens ricos de Atenas. Nunca se contentavam com o que tinham, e desejavam as coisas dos terceiros. Assim resultava a invasão de um grupo para o outro e vinha a guerra.

   Platão achava um absurdo que homens com mais votos pudessem assumir cargos da mais alta importância, pois nem sempre o mais votado é o melhor preparado. Era preciso criar um método para impedir que a corrupção e a incompetência tomassem conta do poder público, Mas atrás desses problemas estava a psyche humana, como havia identificado Sócrates, Para Platão o conhecimento humano vêm de três fontes principais: o desejo, a emoção, e o conhecimento, que fluem do baixo ventre, coração e cabeça, respectivamente. Essas fontes seriam forças presentes em diferentes graus de distribuição nos indivíduos. Elas se dosariam umas às outras, e num homem apto a governar, estariam em equilíbrio, com a cabeça liderando continuamente. Para isso, é preciso uma longa preparação e muita sabedoria. O mais indicado, para Platão, é o filósofo: "enquanto os filósofos deste mundo não tiverem o espírito e o poder da filosofia, a sabedoria e a liderança não se encontrarão no mesmo homem, e as cidades sofrerão os males".

   Para começar essa sociedade ideal, como dissemos, deve-se tirar os filhos dos pais, para protegê-los dos maus hábitos. Nos primeiros dez anos, a educação será predominantemente física. A medicina serve só para os doentes sedentários das cidades. Não se deve viver para a doença. Para contrabalançar com as atividades físicas, a música. A música aperfeiçoa o espírito, cria um requinte de sentimento e molda o caráter, também restaura a saúde.

   Para Platão, a inspiração e a intuição verdadeira não se conseguem quando se está consciente, com a razão. O poder do intelecto está reprimido no sono ou na atenção que aflora com a doença. Ele então critica o controle da lei e da razão à certos instintos que ele chama de ilegais.

   Depois dos dezesseis anos, e de misturar a música para lições musicais com a música pura, essas práticas são abandonadas. Assim os membros dessa comunidade teriam uma base psicológica e fisiológica. A base moral será dada pela crença em Deus. O que torna a nação forte seria Ele, pois ele pode dar conforto aos corações aflitos, coragem às almas e incitar e obrigar. Platão admite que a crença em Deus não pode ser demonstrada, nem sua existência, mas fala que ela não faz mal, só bem.

   Aos vinte anos, chegará a hora da Grande Eliminação, um teste prático e teórico, Começa a divisão por classes da República. Os que não passarem serão designados para o trabalho econômico. Depois de mais dez anos de educação e treinamento, outro teste. Os que passarem aprenderão o deleite da filosofia. Assim se dedicarão ao estudo da doutrina e do mundo das Idéias.

   O mundo das Idéias seria um mundo transcendente, de existência autônoma, que está por trás do mundo sensível. As Idéias são formas puras, modelos perfeitos eternos e imutáveis, paradigmas. O que pertence ao mundo dos sentidos se corrói e se desintegra com a ação do tempo. Mas tudo o que percebemos, todos os itens são formados a partir das Idéias, constituindo cópias imperfeitas desses modelos espirituais. Só podemos atingir a realidade das Idéias, na medida em que pelo processo dialético, nossa mente se afasta do mundo concreto, atravessando com a alma sucessivos graus de abstração, usando sistematicamente o discurso para se chegar à essência do mundo. A dialética é um instrumento de busca da verdade.

   Platão acreditava numa alma imortal, que já existia no mundo das Idéias antes de habitar nosso corpo. Assim que passa a habitá-lo esquece das Idéias perfeitas. Então o mundo se apresenta a partir de uma vaga lembrança. A alma quer voltar para o mundo das Idéias. Um dos primeiros críticos de toda essa teoria de Platão foi um de seus alunos da Academia, Aristóteles.

   Igualmente conhecida na República é a alegoria da caverna, que ilustra como percebemos apenas parte do mundo, reduzindo-o.

   Um grupo de pessoas vive acorrentada numa caverna desde que nasceu, de costas para a entrada. Elas vêem refletida na parede da caverna as sombras do mundo real, pois há uma fogueira queimando além de um muro, depois da entrada. Elas acham que as sombras são tudo o que existe. Um dos habitantes se livra das amarras. Fora da caverna, primeiro ele se acostuma com a luz, depois vê a beleza e a vastidão do mundo, com suas cores e contornos. Ao voltar para a caverna para libertar seus companheiros, acaba sendo assassinado, pois não acreditam nele.

   Depois de estudar a filosofia, aqueles que forem considerados aptos irão testar seus conhecimentos no mundo real, onde experimentarão os dissabores da vida, ganhando comida conforma o trabalho, experimentando a crua realidade. Aos cinqüenta anos, os que sobreviveram tornarão-se os governantes do Estado.

   Todos terão oportunidades iguais, mas na eliminação serão designados para classes diferentes. Os filósofos-reis não terão nenhum privilégio, tendo só os bens necessários, serão vegetarianos e dormirão no mesmo lugar. A procriação será para fins eugênicos, o sexo não será apenas por prazer. Haverá defensores contra inimigos externos, os guardiões, homens fortes, dedicados à comunidade. Não haverá diferença de oportunidade entre o sexo, sendo cada um designado a fazer uma tarefa de acordo com a sua capacidade.

   Platão fala da renuncia do individuo em prol da comunidade, impondo inúmeras condições para a vida. Ele atenta para um problema muito preocupante em nossos dias: a superpopulação. Os homens só poderiam se reproduzir entre os trinta e quarenta e cinco anos, e as mulheres entre os vinte e quarenta anos. Também a legislação de Esparta, que muito inspirou Platão, e a proposta de Aristóteles na Política levam em conta este aspecto. Assim, resumidamente seria o Estado ideal, justo. O próprio Platão fala de dificuldade em se fazem um empreendimento dessa natureza. Um rei ofereceu à ele terras para fazer sua República, ele aceitou, mas o rei ficou sabendo que quem iria governar eram os filósofos e mudou de idéia.

   Apesar do título, A República (em grego: Politéia), Platão nesta obra não tem como ponto principal a reflexão sobre teoria política. Nesta obra, o filósofo lida sobretudo com as questões em torno da paidéia, a formação grega, na tentativa de impor uma orientação filosófica de educação em oposição à paidéia poética então vigente. Outro alvo que tem em vista é a carreira que os sofistas vinham desenvolvendo como educadores que, com sua retórica, preparavam os cidadãos a saberem argumentar nos embates democráticos da ágora. Não tinham, portanto, um compromisso com a verdade - seus argumentos giravam em torno das percepções, opiniões e crenças - a doxa. A república ideal seria mais um resultado da paidéia filosófica que Platão tenta fundamentar e propor com seus argumentos nesta obra do que o tema central da argumentação em si. Apenas um terço dos dez livros de A República, aproximadamente, tratam da organização e fundamentação filosófica da pólis especificamente. O tratamento dado às questões por Platão acaba por se tornar sistematizado por aqueles que adotam sua teoria, a partir do quê o pensamento no ocidente se torna uma sucessão de sistemas teóricos. Isso nos leva a considerá-lo o "pai" da filosofia, ao menos da filosofia enquanto pensamento sistematizado.

I Encontro de Pesquisas sobre Famílias - Prof. Dr. Pe. Mário José Filho

NORMAS PARA INSCRIÇÃO DE

TRABALHOS

A apresentação de trabalhos científicos poderá ocorrer

apenas no formato de comunicação oral de pesquisas e

relatos de experiências, abordando os seguintes eixostemáticos:

1 - Família: direitos, deveres e acesso à justiça;

2 - Família e violência;

3 - Família e políticas públicas (saúde, educação,

habitação, assistência social e previdência);

4 - Família, trabalho, renda e consumo;

5 - Família e relações sociais;

6 - Família e interdisciplinaridade.

Normas para apresentação dos artigos científicos

 

 

:

resumo (até 250 palavras, em português), introdução,

desenvolvimento, considerações finais e referências,

conforme ABNT - Norma 6022. O texto de 10 a 15 laudas

deverá ser escrito em letra

 

Times New Roman, 12, com

espaçamento entre linhas de 1,5 e citação autor/data.

Normas para a apresentação de relatos de

experiência:

 

 

Resumo: (até 250 palavras, em português),

introdução, objetivos, metodologia, resultados e

discussão, considerações finais e referências, conforme

ABNT – Norma 6022. O texto de 05 a 10 laudas deverá

ser escrito em letra

 

Times New Roman, 12, com

espaçamento entre linhas de 1,5 e citação autor/data.

Prazo para entrega dos trabalhos:

 

 

até dia 20/04/2012,

on-line

 

 

para: www.inscricoes.fmb.unesp.br/fchs; o

recebimento do trabalho será confirmado por e-mail. Os

trabalhos na modalidade artigo científico selecionados e

aprovados pela Comissão Científica do evento serão

publicados como capítulo de livro em

 

CD – Rom (EBOOK).

A apresentação dos trabalhos está

condicionada à inscrição no evento. O tempo de

apresentação dos trabalhos é de 15 minutos.

No dia da apresentação do trabalho, levar o termo de

cessão de direitos autorais assinado pelos autores,

conforme se encontra no site do evento.

As inscrições para apresentação de trabalhos poderão ser

feitas no período de

 

02/04/2012 a 20/04/2012.

A lista de trabalhos aceitos, juntamente com local e hora

de apresentação será divulgada no dia

 

27/04/2012, no site

www.inscricoes.fmb.unesp.br/fchs

 

 

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ORGANIZAÇÃO:

GEPEFA

Grupo de Estudos e Pesquisas sobre

Famílias

APOIO:

DECSPI

Departamento de Educação, Ciências Sociais e

Política Internacional

DSS

Departamento de Serviço Social

PPGD

Programa de Pós-Graduação em Direito

PPGSS

Programa de Pós-Graduação em Serviço Social

FCHS – UNESP- FRANCA

LOCAL:

Anfiteatro II – UNESP/Franca

Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900

Jardim Dr. Antonio Petráglia

Informações no site:

www.inscricoes.fmb.unesp.br/fchs

O estereótipo do político atual e o genótipo do político desejado

Por Rodrigo dos Santos

   O melhor para assumir um cargo do governo não é o mais simpático, é o mais dotado de conhecimentos.

   Tenho acompanhado com certa freqüência a política e seus praticantes nos últimos tempos, e a cada dia que passa meu gosto por esses assuntos tem aumentado.

   Desse acompanhamento, constatei que a política de Orlândia é a que está em um estado mais calamitoso em comparação com qualquer outra cidade, ou se preferirem, sendo menos drástico a política orlandina está abaixo que a política do Brasil num âmbito geral.

   Procuro analisar os políticos de Orlândia, buscando aprender o que não fazer, em um futuro próximo. Claro, cabem as exceções, contudo, o triste e preocupante é que essas exceções estão cada vez mais escassas.

   Já dizia o grande filósofo grego Platão: ‘’ O Estado deve ser governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais astutos, mas pelos mais sábios’’.

   Ora, pois, transformemos e apliquemos esta célebre frase para os dias atuais e, sobretudo para a nossa querida Orlândia. O político ideal não é aquele que oferece agrados a certa parte da população em busca de comprar seus votos, nem mesmo aquele que usa sua ambição descontrolada para denegrir a imagem de seu adversário. A pessoa certa para governar é a dotada de conhecimento; sem isso, nada é possível.

   Chega a ser impressionante como muitas das armas de políticas que visavam enganar as populações, estão de certa forma, presentes atualmente em nossa cidade.

   Uns candidatos chegam a brigar pelo título de melhor festa: a famosa política do pão e do circo, que remonta lá do Império romano. Outros, dizem que é do povão mesmo, não sabe escrever e faz eventos para estar próximo dos mais pobres: o famoso populismo, praticado, inclusive, por Getúlio Vargas no Brasil.

   O grande problema é que até mesmo para colocar estes planos alienadores da sociedade, é preciso capacidade e isso, infelizmente não estamos vendo na administração pública.
Portanto, caros leitores/eleitores, analisem bem os candidatos, repensem sempre que preciso suas preferências, pois está chegando o momento de traçar o futuro público por mais 4 anos, que podem ser longos se a escolha não for correta.

Gestão democrática na administração pública


Por Tereza Cristina Freire


Com o intuito de evitar que as decisões políticas fossem tomadas de maneira alheia às necessidades dos cidadãos e das comunidades e distantes de qualquer tipo de controle social, nossos legisladores, seguindo os princípios constitucionais democráticos, reconheceram a necessidade de promoção da descentralização da gestão municipal, de forma que as decisões venham a ser tomadas a partir de uma aproximação maior do gestor público com a sociedade.

                A gestão democrática é a forma de gerir pela qual se possibilita a participação, a transparência e a democracia, ou seja, coloca a sociedade em contato com o Estado. Assim, governos democráticos eficazes prosperam em espaços onde florescem a participação popular, quanto mais participativa a região, mais eficaz o seu governo. Existe então, uma forte correlação entre a gestão democrática, via gestão participativa, e o desempenho das instituições públicas.

                De acordo com esse, argumento o desenvolvimento e a gestão da coisa pública, está relacionado com a capacidade que tem a sociedade de criar e desenvolver relações de confiança, colaboração e interação que possibilitem solucionar dilemas a partir da ação coletiva. Segundo Santos Junior, Ribeiro e Azevedo (2004), a civilidade da sociedade não se restringe apenas a regras da sociedade civil, configurando uma forma de capital social.

                Na análise aqui desenvolvida é relevante observarmos a noção de governança, pois enseja uma reflexão sobre a complexidade das novas relações entre Estado, mercado e sociedade no novo arranjo institucional. A definição de governança envolve a capacidade de um governo para definir, implementar e cumprir políticas e funções. A boa governança pressupõe, na Administração Pública, acompanhamento e controle, por parte dos cidadãos, no exercício pleno de sua cidadania em uma sociedade democrática, de todas as ações governamentais. Nesse contexto, a transparência do Estado se efetiva por meio de práticas da gestão democrática, como o acesso do cidadão a informações governamentais, tornando mais democráticas as relações entre o Estado e sociedade civil. Como exemplo de instrumento de gestão democrática podemos citar o Portal Transparência e o Portal Transparência na Copa da Prefeitura de Porto Alegre. Nesta mesma linha, observamos práticas da gestão democrática auxiliando a governabilidade, em que a sociedade civil coopera na identificação dos problemas e formulação de políticas públicas apropriadas para seu enfrentamento. O que pode ser visto nas duas notícias acima.

Um grande instrumento da gestão democrática que corrobora para a boa governança e a governabilidade são os conselhos gestores, que formam espaços de interlocução entre Estado, sociedade civil e mercado, sendo muitas vezes, a um só tempo,fórum de debates instancia consultiva, deliberativa e de gestão das políticas públicas. A participação da sociedade civil nos processos de formulação, deliberação, acompanhamento e fiscalização das políticas públicas provocam, assim, mesmo que de maneira embrionária, a democratização da gestão municipal.

Tereza Cristina Freire é a nova colaboradora do blog.

Tereza Cristina Freire é natural de Alpinópolis-MG, atualmente reside em Presidente Prudente-SP, e cursa Administração Pública pela UFLA (Universidade Federal de Lavras). Com uma visão técnica sobre o assunto, Tereza aborda em seu primeiro texto a questão da gestão democrática.

É a primeira mulher a colaborar como escritora para o blog, e as opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do autor(a). Seja bem vinda Tereza!

Rodrigo dos Santos é o novo colaborador do Blog Caffé Ventania

      A partir dessa quarta-feira (29/03/2012) o Blog "Caffé Ventania: Política em foco" ganha mais um novo colaborador. Rodrigo dos Santos tem 19 anos, natural de Orlândia-SP e também é estudante de Direito pela Faculdade de Direito de Franca.

     Mais um jovem abraça o movimento e através de seus textos irá expor suas idéias sobre política e demais temas do cotidiano. A primeira publicação no Blog terá como título "O estereótipo do político atual e o genótipo do político desejado", uma visão bem sucinta da política municipal mas que pode ser muito bem aplicada em nosso dia-a-dia e em diferentes regiões e situações. Seja bem vindo Rodrigo!

Nada

Eu sou nada, quando quero ser nada,
Mas posso ser tudo, quando quero ser tudo.
Eu sei nada, quando quero não saber nada,
Mas posso saber tudo, quando quero saber tudo.

Oras, de nada adianta saber tudo
E de tudo adianta saber nada.
Quero ser somente o nada,
Quando este for somente tudo.

Como dizer não saber nada,
como afirmar saber tudo?
Entre o tudo e o nada existe
uma semelhança disfarçada.

Não se perca no vazio
Aonde tudo é nada,
Diante da realidade
Aparentemente ofuscada.

Por Rafael Freire.

Homilia de Sua Santidade Bento XVI na Praça da Revolução em Cuba

    HAVANA, quarta-feira, 28 de março de 2012 (ZENIT.org) – O Papa Bento XVI presidiu a última celebração da sua visita de três dias em Cuba com uma missa que teve a participação de milhares de pessoas.

"Quem age irracionalmente não pode chegar a ser discípulo de Jesus. Fé e razão são necessárias e complementares na busca da verdade. Deus criou o homem com uma vocação inata para a verdade e, por isso, dotou-o de razão.

    Certamente não é a irracionalidade que promove a fé cristã, mas a ânsia da verdade. Todo o ser humano deve perscrutar a verdade e optar por ela quando a encontra, mesmo correndo o risco de enfrentar sacrifícios."

A violência alpinopolense em perspectiva

Por Ramiro Faria

     Um fenômeno tão antigo quanto o mundo, em pouco mais de uma década, mudou de cara. A violência é hoje diferente do que sempre foi. Agora ela é banal, funciona como meio de expressão (especialmente entre os jovens) e ocupa o espaço deixado pela falta de valores sólidos. Na história de nosso eólico arraial, desde que se há notícias que gente habitava por aqui, existiram as figuras funestas que invadiam as mentes de nossos antepassados, aterrorizando-os com seus crimes bárbaros.Foi assim pelos idos de 1780, quando a quadrilha de Joaquim Joze de Castro assombrava as famílias do recém formado povoado com roubos e assassinatos. Logo foi a vez de Januário Garcia  Leal, que morou em Ventania entre 1799 e 1802 e que, segundo o historiador Iglair Lopes, teve seu caso medonho contado ao rabo do fogão por muitos e muitos anos. Esse personagem se tornou famoso e temido na região por haver levado a cabo uma fria vingança pela morte do irmão João Garcia Leal, perseguindo, matando e cortando as orelhas de seus sete algozes, formando com elas um macabro colar, o que lhe rendeu a alcunha de “Sete Orelhas”. Já no final dos anos 70 do século XX, foi a vez da população alpinopolense se aterrorizar com a passagem por nossas terras de Ramiro Matildes Siqueira, o Bandido da Cartucheira, que causou pânico e histeria em várias partes do estado de Minas Gerais em virtude dos vários latrocínios que cometeu. Por aqui, o povo se fechava nas casas com medo dos atos violentos do bandoleiro que executava, com arma de fogo, famílias inteiras. Na década de 80, a intensificação da exploração da pedra mineira fez com que se instalassem na cidade vários empresários do ramo que, junto ao empreendimento, trouxeram a mão-de-obra para executar o garimpo. Muitos desses trabalhadores, que permaneciam isolados no ermo das jazidas de quartzito (geralmente no alto das serras), eram foragidos da justiça e, em algumas oportunidades, chegaram a praticar ações meliantes em nossas terras. Apesar dos desarranjos sociais que esse processo migratório causou em Alpinópolis, o tempo passou e fomos poupados da ação contínua de maiores facínoras, apenas sendo palco de algum crime hediondo vez ou outra, porém nada que fugisse do padrão de municípios do mesmo porte, podendo ser perfeitamente possível classificar nosso vendavalesco povoado como um lugar tranqüilo. O que considerávamos violência urbana era algo que vinha de fora, das grandes metrópoles brasileiras.

      Há menos de uma década, porém, vimos essa violência urbana encontrar atalhos e se instalar nas cidades interioranas do país e, notadamente em nossa Alpinópolis, em meados de 2006 por virtude de vários problemas de ordem social agravados pela crise das pedreiras. No final de 2011 um levantamento realizado pelo Instituto Sangari, apontou nosso município entre os quatro mais violentos da região. Seguramente o que contribuiu para essa vergonhosa classificação foi a ramificação do crime organizado, que se instalou com facilidade dentro de nossa pacata cidade através do pesado braço do tráfico de drogas. Esse estudo, denominado Mapa da Violência 2012, foi elaborado com o objetivo de apurar a real dimensão do problema no Brasil para que governos, com base nos dados da pesquisa, pudessem criar políticas públicas de enfrentamento e combate à violência. E diante dessa realidade, estatisticamente comprovada, o que as autoridades alpinopolenses tem feito para combater o problema? As providências tomadas até agora são eficientes e diminuem a violência no município? Existem medidas efetivas que estanquem a criminalidade ou apenas ações que maquiam o rosto do problema? A nosso ver, apesar dos esforços e da boa vontade de muitos, estamos errando grosseiramente o alvo, deixando a situação se agravar e chegar a um patamar insustentável.

      Recentemente foi realizada uma audiência pública para tratar do problema, porém o que pudemos ver durante o evento, foi um pueril jogo de empurra-empurra, onde as vaidades novamente afloraram e os inflados egos buscavam os beneplácitos dos presentes. Não houve humildade por parte de nossos dirigentes para reconhecer que TODOS são culpados, que somente a união de esforços e um planejamento sociológico poderão atacar o problema. A audiência foi aberta pela Presidente da Câmara de Vereadores e, já de início, estranhamos a falta dos titulares do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Civil, havendo estes enviado representantes que pouco contribuíram para o debate. Com a mesa composta, começou o festival de “embromations” onde autoridades do executivo e do legislativo repetiram discursos enjoativos, recitaram ações de suas respectivas alçadas para amenizar a questão e sugeriram medidas paliativas que poucos resultados reais trariam para a solução do problema. Logo após houve, por parte de agentes da Polícia Militar e Polícia Civil, uma exposição das medidas repressivas que estão sendo executadas na cidade, demonstrando os procedimentos e apresentando números das operações. Depois, foi a vez da população fazer valer sua voz e, como sempre, foi daí que brotou a mais sólida contribuição que apontaria para propostas viáveis, merecendo destaque os pronunciamentos de uma professora que reivindicou investimentos em educação e o de um jovem ativista político que contestou a falta de um planejamento sustentável no âmbito social. Ao final, a audiência foi encerrada com uma declaração um tanto curiosa da comandante do Poder Legislativo que afiançou haver sido aquela reunião um ‘grande passo’ para extinguir esse drástico impasse. Estamos todos, até agora, em busca dessa magnífica passada que foi vista, única e exclusivamente, por ela.

      Parece que nossos governantes ainda não entenderam que precisamos de propostas reais para combater um problema real. A violência, antes presente apenas nas grandes cidades, chegou a Alpinópolis, e isso ocorreu à medida que o crime precisou buscar novos espaços e achou por aqui terreno fértil. Além das dificuldades das instituições de segurança pública em conter esse processo de interiorização da violência, a degradação de vários segmentos em nossa cidade contribuiu decisivamente para sua ocorrência. Pode não parecer, mas temos um alto índice de pobreza em Alpinópolis (segundo o IBGE alcança 31,5% da população) o que gera uma considerável desigualdade social. O crime organizado, ao contrário dos dirigentes de nossa cidade, está muito bem informado sobre esses dados estatísticos e viu em Alpinópolis grande potencial para ampliação de seus negócios. Nossa ciclônica urbe apresenta atualmente ramificações das principais facções criminosas da cidade de Passos, as quais, seguramente, identificaram a ausência de políticas públicas voltadas para o social (educação, esporte, lazer, cultura, etc) o que, evidentemente, tornaria sua atuação no local muito mais fácil. A função do estado é prover aos cidadãos as condições para viver de forma digna, mas o que temos visto é um governo desorganizado que abre espaço para o crime organizado, uma vez que, os acertos deste dependem dos erros daquele. E como superaremos isso? Há diferenças na visão das causas e de como suplantá-las, mas podemos afirmar que essa onda de violência que assola Alpinópolis é algo evitável, desde que políticas públicas adequadas sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar essas ações repressivas que temos acompanhado nos últimos dias a políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade (sobretudo de nossos jovens) ao aparato criminoso. Não pretendemos oferecer respostas fáceis, nem imediatistas, pela simples razão de que não existem soluções mágicas após décadas de atitudes negligentes e ineficazes por parte das autoridades locais. Porém, o ponto de partida, podemos apontar sem medo de errar: INVESTIMENTO NA EDUCAÇÃO. Nossas escolas não podem continuar sendo um espaço meramente de encontros de crianças e jovens com profissionais do ensino, na busca somente de conhecimentos científicos.
Deveriam ser transformadas em espaços hermenêuticos, onde todos os envolvidos trabalhassem o conhecimento e a reflexão, estando preparados para atuar com processos de convivência humana, reforçando valores éticos e de solidariedade na construção da cidadania. Isso pode se tornar uma realidade por aqui, basta que haja uma série de ações voltadas para a adequação do sistema educacional. Podemos citar como exemplos dessas ações a valorização do sofrido professor, o investimento na infraestrutura da rede física e a promoção de mudanças de métodos obsoletos que já não permitem o fortalecimento do elo escola-família. Partindo então de uma escola forte, poderemos trabalhar em conjunto (poder público, comunidade escolar, conselho tutelar, conselhos municipais, associações de bairro, associações culturais, grêmios esportivos, etc), concebendo a educação em um todo social, com ações coletivas de combate a essa violência que vem massacrando nossa Ventania.
Encerraremos esse artigo conclamando nossas autoridades a calçar as sandálias da humildade e singelamente buscar ações agregadas para solucionar essa capital contenda. Imploramos que se esforcem para entender que a violência é um ciclo que começa e termina nele mesmo, sem benefício para ninguém, e precisa urgentemente ser interrompido. Não deixemos nossa cidade a mercê de bandidos que, por não nutrir por ela nenhum amor, estão a transformá-la em um sítio infernal. Dante Alighieri, em sua “Divina Comédia”, descreveu o limiar do inferno como um grandioso portal onde se podia ler a mensagem: “Deixai toda esperança, ó vós que entrais”. Recusamo-nos a enxergar nossa amada Ventania pelo vértice dessa alegoria dantesca. Nós não perdemos a esperança e não chegaremos ao extremo de sugerir que, em virtude da violência que se abateu sobre a cidade, essa frase seja escrita em letras garrafais no pórtico que o amarelo prefeito prometeu construir na entrada de Alpinópolis. Mas gostaríamos que providências pragmáticas fossem tomadas para que, ao menos subliminarmente, pudéssemos ler nas entrelinhas do porvindouro portal, os versos de Chico Buarque, dando a todos seu bom conselho: “Eu semeio vento na minha cidade...Vou pra rua e bebo a tempestade”.

As 26 máximas do maquiavélismo

  1. Os fins justificam os meios. " ...os meios serão sempre julgados honrosos e louvados pôr todos, porque o vulgo está sempre voltado para as aparências e para o resultado das coisas..." ( * Capitulo XVIII).
  2. É melhor ser temido do que amado.
  3. É preciso enfraquecer os poderosos, agradar aos súditos, manter os amigos e proteger-se dos companheiros. Entre seus inimigos estão companheiros. Considere teus inimigos todos os insatisfeitos pôr estares no poder, mesmo aqueles companheiros mais próximos, que te ajudaram a ali chegar, pois não terás como atender a todos os desejos desses como, os mesmos, gostariam.
  4. "É melhor ser impetuoso que tímido." ( * Capitulo XXIII).
  5. Os homens, se não sejam mimados devem ser aniquilados, pois podem vingar-se de ofensas leves, porém não das graves. Deve-se bater de tal forma que não se tema a vingança.
  6. Mais importante do que ser é parecer ser. Não é necessário ter todas as qualidades, mas é indispensável parecer tê-las. Se as tiver e utilizar sempre, serão danosas, enquanto, se parecer tê-las, serão úteis. "...empenhar-se para que, em suas ações, se reconheça grandeza, ânimo, ponderação e energia." ( * Capitulo XIX)
  7. É melhor, cortar o mal pela raiz. "... no principio o mal é fácil de curar e difícil de diagnosticar, mas, com o passar do tempo, ... .... torna-se mais fácil de diagnosticar e mais difícil de curar." (* Capitulo III)
  8. Na ilusão, o povo se rebela contra o seu líder. Os homens trocam, na melhor das intenções, de líder, pensando melhorar, e esta crença leva-os a lutar contra o líder atual. Quando caem na real que foram enganados, já é tarde, as coisas já pioraram.
  9. Não se deve adiar uma guerra: "... as guerras não se evitam e, quando adiadas, trazem vantagem ao inimigo. (...) ... não se deve jamais deixar uma desordem prosperar para evitar a guerra, ..." (* Capitulo III)
  10. Arruina-se quem serve como trampolim político."... arruina-se quem é instrumento para que outro se torne poderoso, ..." (* Capitulo III)
  11. "... os homens ferem pôr medo ou pôr ódio..." ( * Capitulo VII)
  12. Nunca é tarde para preparar a base. "...quem não firma antes os alicerces, poderá entregar-se depois a esse trabalho, se é possuidor de grande capacidade, se bem que com amolação para o arquiteto e perigo para o edifício."(# Capitulo VII).
  13. É preciso conquistar as pessoas. "...as amizades que se obtêm mediante pagamento... ...se compram, mas não se possuem,..." ( * Capitulo XVII)
  14. Surpreenda aos que, de ti, esperam o mal. Como os homens se ligam mais ao seu benfeitor se recebem o bem quando esperam o mal, neste caso, o povo se torna mais rapidamente favorável ao príncipe do que se ele tivesse sido conduzido graças ao seu apoio. ( * Capitulo IX ).
  15. Faça o mal de uma vez e o bem aos poucos. "...o conquistador deve examinar todas as ofensas que precisa fazer, para perpetuá-las todas de uma só vez e não ter que renová-las todos os dias. Não as repetindo, pode incutir confiança nos homens e ganhar seu apoio através de benefícios.... ( ...) As injúrias devem ser feitas a fim de que,..., ofendam menos, enquanto os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, para serem melhor apreciados." ( * Capitulo VIII )
  16. Assuma pessoalmente o comando militar. Os principais fundamentos de todos os estados... ...são boas leis e boas armas." ( * Capitulo XII).
  17. O politicamente correto, nem sempre é o que se deve fazer."...aquele que trocar o que se faz pôr aquilo que se deveria fazer aprende antes sua ruína do que sua preservação;... ...um príncipe, se quiser manter-se, (necessita) aprender a poder não ser bom e a se valer ou não disto segundo a necessidade." ( * Capitulo XV).
  18. Não subtraia o patrimônio das pessoas. "...os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio." ( * Capitulo XVII).
  19. Não é preciso cumprir uma palavra dada quando ela se torna prejudicial. "Um príncipe prudente não pode nem deve, guardar a palavra dada, quando isso se torna prejudicial ou quando deixem de existir as razões que haviam levado a prometer. (...) ....os homens... ...são maus e não mantêm sua palavra para contigo, não tens também que cumprir a tua." ( * Capitulo XVIII).
  20. O povo tem memória curta
  21. Nunca volte atrás de suas decisões."...junto às intrigas privadas dos súditos, deve firmar suas decisões como irrevogáveis e manter sua posição de modo que ninguém pense, em enganá-lo nem fazê-lo mudar de opinião." ( * Capitulo XIX).
  22. Para punir use terceiros e para elogiar apareça.."...os príncipes devem fazer os outros aplicarem as punições e eles próprios concederem as graças." ( * Capitulo XIX).
  23. Repercuta um prêmio ou uma punição dada. Quando alguém realizar uma coisa extraordinária, para o bem ou para o mal, deve-se premiá-lo ou puni-lo, com muita repercussão.
  24. Divisão interna só beneficia o inimigo "...quando o inimigo se aproxima, as cidades divididas costumam render-se logo, porque sempre a parte mais fraca se alia às forças externas e a outra não pode governar." (* Capitulo XX).
  25. Não deves ficar neutro numa guerra. Numa guerra entre terceiros terás que se posicionar a favor de um ou de outro, caso contrário, serás sempre presa de quem vence. O vencedor não vai querer amigos suspeitos e o perdedor te rejeitará. "...quando te aliares corajosamente a uma das partes, e sair vencedor aquele a quem se associaste, ainda que seja poderoso e não fiques em sua dependência, ele terá contraído obrigações e laços de amizade para contigo." ( * Capitulo XXI)
  26. "Há três gêneros de cérebros: um entende pôr si mesmo, outro discerne aquilo que os outros entendem e o terceiro não entende nem a si nem aos outros. O primeiro é excelentíssimo, o segundo é excelente e o terceiro inútil..." (* Capitulo XXII)

Síntese da obra: O Princípe

Dirigido aos governantes, "O Príncipe", pode ser perfeitamente aplicado ao cidadão comum, pois apresenta uma lição sobre as reais intenções de um governante ambicioso, que usava todas as armas para conseguir o que queria.

Na época, os mais ricos acharam que, esse livro, servisse para ensinar ao Duque como tirar deles todas as riquezas, e os mais pobres julgaram "O Príncipe" como um documento destinado a orientar aos ricos como tirar a liberdade dos pobres. É certo, porém que, até hoje, ele tanto serve de manual de instruções, ou livro de cabeceira, aos governantes de plantão; como também, permite às camadas populares uma melhor percepção do que é capaz de fazer um político ganancioso, ainda no tempo presente, para conquistar ou para se perpetuar no poder.

Do início ao fim do livro, Maquiavel, para quem a finalidade da arte política é a manutenção do poder, induz aos governantes às decisões ditadas pela força. Impera a chamada lei do mais forte ou mais esperto. Suas idéias os recomendam a assumirem suas "feras", ou seja, a adotarem praticas animalescas; nas ações agressivas, na demarcação territorial, no ritual e no estabelecimento da hierarquia social - funções do instinto animal geradas no complexo réptico, parte cerebral mais primitiva. O poder maquiavélico consiste num poder sub-reptício, onde suas intenções e finalidades são dissimuladas, utilizando-se de meios secretos e ocultos, imorais, agressivos e perversos para alcançarem seus objetivos.

Isso demonstra que o autor, com essas idéias possa ter reforçado, em alguns aspectos, a tradição do pensamento antigo, em detrimento da ciência moderna. Ele não leva em conta as raízes sociais e econômicas dos conflitos no interior das formações sociais enfocando apenas as disputas do poder pôr príncipes - a disputa do poder pelo poder - tratando o cidadão comum como cidadão-soldado, distinguindo-o do cidadão-príncipe, esse sim, tratado como moralmente virtuoso, o que não reconhece a validade da organização popular e de massa em busca de igualdade de direitos.

Para muitos Maquiavel, nesse livro, expressa apenas a realidade vista e analisada pôr ele. Mas poderíamos perguntar; O que fez Maquiavel para mudar o comportamento submisso do povo?

Ao contrário disso ele pregou uma série de idéias para se conservar a dominação; "...não há coisa mais difícil de se fazer, mais duvidosa de se alcançar, ou mais perigosa de se manejar do que ser o introdutor de uma nova ordem, porque quem o é tem pôr inimigos todos aqueles que se beneficiam com a antiga ordem, e como tímidos defensores todos aqueles a quem as novas instituições beneficiam." ( * Capitulo VI )

Num aspecto, no entanto, Maquiavel foi revolucionário; Ao abordar sobre a relação entre a política e a religião. Para muitos, essa obra é considerada uma idéia lunática, atéia e satânica, devido à convicção do autor de que a tomada e conservação do poder é a única finalidade da política, e não provém de Deus e muito menos da sucessão natural de hierarquias fixas. A proliferação dessas idéias pode ter obrigado aos governantes a apresentarem novas justificativas para a ocupação do poder assumido.

As teorias medievais eram teocráticas e o renascimento procurava evitar a idéia de que o poder seria uma graça ou uma dádiva de Deus, entretanto, embora o autor critique a teocracia, não consegue negar a idéia cristã, de que o poder político só se torna legítimo se for justo, e que só será justo se estiver de acordo com a vontade divina. Maquiavel, no entanto, distinguiu o principado eclesiástico, possivelmente como uma forma de contornar o confronto com a Igreja enquanto instituição. De qualquer sorte, quanto ao pensamento teocrático, a obra de Maquiavel é destruidora e transformadora.

Muito embora as concepções de Maquiavel tenham sido fundadas na sua experiência, no seu tempo; pois ele viu muitas lutas, ascensão e queda de governos em grandes cidades; não podemos afirmar que, essas reflexões, tenham contribuído de forma intencional, na construção de uma nova sociedade, ainda que a transparência de sua abordagem deixasse evidente de que isso tornar-se-ia necessário.

Seu pensamento político apresenta respostas, tais como:

1.– Não admite um fundamento interior à política;
2.– Não aceita a idéia da comunidade constituída para o bem comum e a justiça;
3.– Recusa a figura do bom governo encarnada no dirigente portador de virtudes morais;
4.– Não aceita a divisão clássica da monarquia, aristocracia, democracia e suas formas corruptas. Para Maquiavel, o critério para avaliação de um líder, é a liberdade.

O sistema feudal vinha sendo substituído, na Europa, pelo modo de produção capitalista, sucedendo as soberanias pelas monarquias, centralizando o poder em Estados Nacionais, que aspiravam ao fortalecimento, à exceção da Itália, onde sua unificação era dificultada pôr pequenos Estados, que promoviam guerras entre si; ao passo em que os grandes; como Milão, Veneza, o Papado, Florença e Nápoles; estabeleciam alianças com os outros países, deixando-a entregue à sorte das armas.

Os Estados são classificados, pôr Maquiavel, como repúblicas ou principados, hereditários ou novos, estes conquistados ou recebidos. Maquiavel, distingue ainda os principados eclesiásticos, que, segundo ele, são mais difíceis de serem conquistados, pois são pelo mérito e se sustentam na rotina da religião.

Analisando os principados civis ele diz em "O príncipe" que um príncipe novo é muito mais vigiado que um hereditário, pois os homens são mais presos ao presente que ao passado. Ele procura demonstrar que, nos Principados hereditários, é suficiente conservar o procedimento dos governos antecessores e contemporizar as novas situações, para se manter o poder. Enquanto que nos conquistados, para que sejam suscetíveis à dominação, não podem ter suas leis e impostos modificados, nem a presença da linhagem do antigo príncipe. "...Cesare Borgia, vulgarmente chamado duque Valentino... ...receava... ...que o papa... ....procurasse tomar de volta aquilo que Alexandre lhe dera. Contra isso, procurou garantir-se de quatro modos: 1....eliminando todo o sangue dos senhores que havia espoliado...., 2...atraindo para o seu partido todos os gentis-homens de Roma..., 3....controlando o máximo possível os votos no Colégio... , 4....conquistando tanto poder antes da morte do papa, que pudesse pôr si mesmo resistir a um primeiro ataque." ( * Capitulo VII).

Caso se torne senhor de uma cidade habituada a viver livre, ou seja com várias concepções políticas entre seus habitantes e lideranças emergentes, é necessário destruí-la para não ser destruído pôr ela, porque ela sempre invocará, na rebelião, o nome de sua liberdade e de sua antiga ordem. "...nas republicas há mais vida, mais ódio, mais desejo de vingança." ( * Capitulo V). Um recurso útil, para manter o controle pôr um principado conquistado, é ir habitá-lo, para tornar-se acessível ao povo em casos amistosos, tornando assim, próximo para ser amado ou odiado, conforme o caso.

Há dois modos de se governar, para Maquiavel: com necessidade de outrem, auxiliado de ministros, que no governo são apenas servos, que o exercem pôr graça ou concessão do senhor; ou pôr si mesmos, pôr um príncipe e barões os quais, não pôr favor do senhor e sim pôr tradição de sangue.

Um homem prudente deve sempre seguir os caminhos abertos pôr grandes homens e espelhar-se nos que forem excelentes, pois mesmo numa imitação falha, há muita coisa para ser aproveitada.

É melhor que introduzir uma nova ordem e desagradar aos que se beneficiam da antiga correndo o risco de ficar isolado.

Os que, pela virtude, antes se fazem príncipes, conquistam com dificuldade, mas com facilidade o conservam, atendendo a máxima de que todos os profetas armados vencem, ao passo que os desarmados fracassam. Contudo, há duas formas de chegar ao poder: Pelo golpe ou pelo apoio do povo. Quem se torna príncipe pela vontade popular precisa manter-se amigo do povo, quem obtém de outra forma precisa conquistar-lhes a amizade.

As principais bases que os Estados possuem: novos ou velhos, mistos ou não, são boas leis e bons princípios. Não existem boas leis onde não existam boas armas. As mercenárias e auxiliares são inúteis ou perigosas. "Quem tem o seu estado baseado em armas mercenárias jamais estará seguro e tranqüilo,..." ( * Capitulo XII). Os príncipes de prudência repeliram sempre tais forças, antes perder com as suas que vencer auxiliados pôr terceiros.

Maquiavel disse que não convinha o uso de forças de aliados numa guerra, pois se perdesse a guerra estaria abatido pelo inimigo e se vencesse ficaria prisioneiro dos aliados. Segundo ele, seria menos perigoso o uso de tropas mercenárias, ainda que essas, pela sua natureza, apresentassem o perigo da covardia. Em suma, Maquiavel concluiu que seria melhor perder somente com suas tropas que vencer auxiliado pôr terceiros. "...somente os príncipes e as republicas armadas fazem progressos imensos, enquanto que exércitos mercenários trazem apenas danos." ( * Capitulo XII)

Deve o príncipe não ter outra finalidade nem outro pensamento, senão a guerra, seu regulamento e disciplina, pois é a única arte que se atribui a quem comanda. "O príncipe apenas terá adiada a sua derrota pelo tempo que adiado o ataque, sendo espoliado pôr eles na paz e pôr inimigos na guerra." ( * Capitulo XII).

Um príncipe não pode seguir todas as coisas de que são obrigados os homens bons. Para conservar o seu Estado, muitas vezes, é obrigado a agir contra a caridade, a fé, a humildade e a religião. Ele precisa ter duas razões de receio: Uma de origem interna, da parte de seus súditos, outra de origem externa, da parte dos de fora. Não tem porque temer as conspirações se ele é querido do povo, porém se não for, deve-se temer a tudo e a todos. "...O príncipe que tiver mais medo do povo que dos estrangeiros deverá construir fortalezas; mas o que tiver mais medo de estrangeiros do que do povo deverá deixá-las de lado...". "...A melhor fortaleza que existe é não ser odiado pelo povo..." (* Capitulo XX)

Um príncipe que tenha uma cidade forte e não seja odiado pelo seu povo não pode ser atacado e ainda que fosse não seria derrotado. "...os homens são inimigos de empreendimentos em que vêem dificuldades e não se pode ver facilidade em atacar alguém que tenha suas terras fortificadas e não seja odiado pelo povo." ( * Capitulo X )

O Príncipe não precisa absolutamente se preocupar com a fama de cruel, "...não se afastar do bem, mas saber entrar no mal, se necessário." ( * Capitulo XVIII). A crueldade é necessária para se mantêm seus súditos unidos, obedientes e disposto à lutar. Para contrabalançar basta ir empregando de modo conveniente, aos pouquinhos, demonstrações de que é piedoso, "Deve parecer... ...todo piedade,... ...fé,... ...integridade,... ...humanidade e... ...religião." ( * Capitulo XVIII), para ser considerado como mais piedoso do que todos aqueles que, pôr muita piedade, perdem o controle, deixando evoluir as desordens. Assim, será considerado piedoso e não cruel. "...todo príncipe deve desejar ser considerado piedoso e não cruel;... "( * Capitulo XVII). Contudo, deve evitar exceder-se, para não despertar o ódio. "...é mais sábio ficar com a fama de miserável, que gera uma infâmia sem ódio, do que, pôr desejar o renome de liberal, precisar incorrer na fama de rapace, que gera um infâmia com ódio." ( * Capitulo XVI). Os homens, em geral, julgam as coisas mais pôr olhos que com as mãos, porque todos podem ver, mas poucos podem sentir.

É prudente não desarmar os seus súditos, mas armá-los, para que os defendam, exceto quando se trata de um Estado novo, recém conquistado. Quanto as fortalezas, são boas ou não, conforme as circunstâncias, mas a melhor fortaleza é não ser odiado pelo povo. "...louvarei quem fizer fortalezas e quem não as fizer também; e reprovarei quem quer que, confiando nas fortalezas, pouco se preocupar pôr ser odiado pelo povo." (* Capitulo XX)

Os homens têm menos receio de ofender a quem se faz amar do que a outro que se faça temer, pois o amor, segundo Maquiavel, é rompido sempre que lhes interessa, enquanto o temor é mantido pelo medo ao castigo. "...como os homens amam segundo sua vontade e temem segundo a vontade do príncipe, deve este contar com o que é seu e não com o que é de outros, empenhando-se apenas em evitar o ódio,..." ( * Capitulo XVII). Não confundir temor com ódio; "...é muito mais seguro ser temido do que ser amado,.." é no entanto, " ... perfeitamente possível ser temido e não ser odiado ao mesmo tempo..." ( * Capitulo XVII).

Deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacam numa arte qualquer. Ao mesmo tempo deve punir severamente e de forma exemplar aquele que errar, ou seja; que pratique atos não desejáveis pelo príncipe. Assim, o príncipe expõe à observação dos homens que estão ao seu redor, aquilo que lhe agrada e o não lhe é aceito.

O príncipe precisa ainda de canais para conhecer a verdade, sem contudo dar poder a eles. "...não te ofendem, (os homens) ao dizerem a verdade. Se, porém, todos a puderem dizer, te faltarão com o respeito." ( * Capitulo XXIII). Já o ministro será bom se não pensar em si mesmo, mas no príncipe. "...os bons conselhos devem brotar da prudência do príncipe." ( * Capitulo XXIII). Os conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência do príncipe, e não a prudência do príncipe de bons conselhos. "Deve escolher um sábio e conceder-lhe livre arbítrio para lhe dizer a verdade quando o príncipe quiser saber." ( * Capitulo XXIII).

Pensa-se, naturalmente que as coisas do mundo são dirigidas pela fortuna e pôr Deus, de modo que a prudência não as corrige nem remedía. Pôr outro lado, a doutrina suscitou a reação do antimaquiavelísmo político consistente na necessidade de conciliação entre a norma política e moral.