segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Cale a boca, isso é uma ordem!"

Por Rafael Freire

    Este é o momento em que enfrentamos uma crise de ideologias, porém não de ideais. O mundo, é composto por governos distintos, cada qual com suas teses, mas o pior deles, é a ditadura. Aquela que lhe obriga a ser prisioneiro do seu próprio ''eu''. ''As ditaduras fomentam a opressão, as ditaduras fomentam o servilismo, as ditaduras fomentam a crueldade; mas o mais abominável é que elas fomentam a idiotia''.

    A ditadura militar foi um dos períodos mais conturbados da história do Brasil e esse tipo de governo teve inicio em 1964 depois de um golpe aplicado pelas Forças Armadas. Sobre o domínio dos militares, o país se viu em um enorme cenário de guerra, pois tinham aqueles que eram a favor, assim como os contras. Na verdade, um regime assim, vai de afronta com qualquer constituição dos direitos humanos, fere os princípios morais a dignidade, e principalmente, impede o direito a vida.

     Marcado por um caráter repressor e de censura, o terror se espalha por todo território onde a liberdade de expressão é coagida, onde querem controlar o que você diz e faz, e simplesmente estão pouco se importando ao que você pensa. A população nada mais era que um mero fantoche na mão daqueles que pensavam ter o domínio do poder.

     Nesse período, renomados nomes da música popular brasileira como Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, destacaram-se com suas composições que hoje são vistas como um hino referente a essa fase, entre elas ''Roda Viva'' e ''Para não dizer que não falei de flores''. Seria impossível finalizar esse artigo, sem ao menos citar um trecho que sinaliza os pensamentos daquelas pessoas quando colocadas frente a esse absurdo caracterizado por ditadura: '' Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente, ou foi o mundo então que cresceu... A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva, e carrega o destino para lá''.

    Muitos acreditam que esse momento ficou no passado, porém, devido há alguns fatos do nosso cotidiano que nos remetem e nos obrigam a interpretá-los de uma maneira que não é a mesma ao qual pretendemos, nos faz questionar ou até mesmo afirmar, que em pleno século XXI, a ditadura ainda reina. Porém esse novo modelo vem mascarado por uma democracia incompleta, que apresenta falhas desde suas bases, pilares e tetos.

    Somos prisioneiros da moda, do culto ao corpo, da nossa política lastimável, do consumo absoluto da tecnologia, da nossa própria arrogância, enfim, vivemos ainda em um mundo, país, estado e cidade que fazem reinar ao menos, o reflexo de uma ditadura fantasiada em princípios amparados por leis vigentes em nossa constituição.

    O ser humano por mais racional que seja, chega me obrigar usar de um paradoxo ou até mesmo uma contradição do que foi dito, quando afirmo que este também é um ser subversivo, porém ausente de si mesmo, dotado de uma mera inocência, que seria concebida caso este não fosse responsável pelos seus atos.

    Acreditem se quiserem, em algum canto desse nosso Brasil, ainda tem políticos que abusam do poder e que gritam '' cale a boca, isso é uma ordem!'', ao qual possuem uma visão retrógada do passado, que impedem o uso do gozo do direito da liberdade de expressão, que fazem ameaças, intimidam, e pior, esquecem que eles, por mais que não aceitem a ideia, é povo como toda gente.

    Se muitos buscam calar a boca daqueles que certamente pronunciam embasados na verdade, é porque os mesmos aleatoriamente confirmam a crítica ao qual foram feitas, uma vez que se não fizessem sentido, não lhes causariam certos incômodos e assim sendo, transtornos.

    Enfim, como já dizia Jorge Amado, '' A ditadura só conduz ao feio e sujo. O brasileiro típico é decente e limpo''. Sejamos a luz da esperança que emerge no final do túnel, o futuro da nação que reivindica o direito proposto, e a muralha no caminho daqueles que pensam que podem dominar a humanidade. Não sejamos o silêncio que eles buscam, o medo que eles espalham e nem igual a eles, ou a figura que eles esperam que seremos. O tempo do ''cale a boca'' passou, se alguém hoje tem que se sentir amedrontado é quem tenta impor a ditadura, e não quem se recusa a imposição, pois ela é um estado onde todos têm medo de um, e cada um tem medo de todos.

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